Natal... prendas... crazy stuff..
Bem, é provável que isto seja mais uma das minhas teorias malucas - pelo menos pela reacção normal das pessoas com quem já a partilhei - mas mesmo assim. Apetece-me escrever cenas pouco sérias, só para entreter dedos e ouvir teclas sem ter de pensar muito, para além de que é um assunto que realmente me irrita.
Então, ainda falta um bocadinho para o Natal, mas é uma época que geralmente levanta sentimentos estranhos nas pessoas.
Não, não vou falar de luzinhas e enfeites de árvores ou músicas com sininhos. Também não vou entrar pelas histórias de Pai Natal e muito menos Menino Jesus ou algo religioso.
Falemos então do espírito de troca de prendas.
Em que consiste essa coisa? Chega ali a Novembro e tal e as pessoas começam a fazer listas intermináveis de pessoas: as tias, os avós, as primas e os primos - com os pequeninos, os adolescentes e os adultos - a cunhada, o genro, a sogra, o cão, a catatua e a arara, o tucano da vizinha e o piolhinho pequenino atrás da orelha.
Não é admissível esquecer alguma dessas pessoas (ou muito prezado ser), mesmo que nunca tenhamos sequer falado com elas, ou que já não saibamos por que lado da família é que elas aparecem. Isso não interessa realmente, interessa sim que temos uma obrigação - social e moral, incutida - de na altura de Natal esfolarmo-nos de corpo, alma e carteira numa loja da moda para comprar prendas moderadamente caras para as pessoas que tanto nos dizem, sem sequer sabermos que música ouvem, mas que também nos trarão uma prenda de igual modo escolhida.
Ora bem, o que me irrita solenemente nesta história de trocar prendas é que, convenhamos, as pessoas gastam dinheiro à toa, muito dinheiro, dinheiro que por vezes nem sequer têm, para comprar algo que não fazem a mínima ideia se vai ser do agrado do seu futuro possuidor. Não faz sentido! Em tantos sentidos!
Comecemos por algum lado.
As pessoas têm uma necessidade de oferecer algo que seja minimamente caro, só para compensar o facto de não fazerem a mínima ideia de se seria algo que aquela pessoa precisasse, ou quisesse, ou simplesmente apreciasse. Todos nós temos destas prendas: coisas que não nos dizem nada, que não desejámos, que não nos interessam, que nem nunca chegámos a usar ou aproveitar.
Para além disso, as prendas dadas nesta altura também querem compensar a indiferença com que as pessoas se tratam, ou seja, durante um ano eu não te falo, não faço ideia de se estiveste bem ou mal, se cantaste e sorriste, se amaste, se choraste dois rios, ou só um, se conseguiste ir ao cinema ver a tal comédia romântica, ou se saíste com os teus amigos, se foste na tua viagem de sonho, se conseguiste chegar a tempo de apanhar o comboio para casa, ou... , ou... , ou ... ... ... Mas agora, dou-te uma prenda e ficamos amigas, verdadeiras BFF. Nem comento...
Agora expliquem-me, isto serve para quê?.. Tem alguma utilidade ou sequer finalidade? Manter o contacto? Balelas, não é por oferecer uma coisa qualquer embrulhadinha num papel engraçado e com uma fitinha mesmo linda que vou estar mais próxima dessa pessoa. Claro que não!
Não sei, mas assim na minha loucura - louca até para muitas outras, eu assumo - não seria mais sentido e até mais justo para todos os intervenientes nesta parvoíce que se deixassem destes seguimentos cegos dos comportamentos pré-seleccionados socialmente como correctos? De que me serve receber uma prenda, mesmo que cara, que não me diga nada, ou de uma pessoa que nem sequer conheço? Em que espécie de mundo retorcido é que isto faz sequer sentido? Na minha ideia, que reforço, pode ser totalmente fora dos padrões bem comportadinhos, faria sentido que, eu, conhecendo o Mega [vai passar a ser a minha personagem exemplo doravante, porque é o meu urso de peluche de há uns aninhos para cá e como tal tem de ter algum papel de relevo neste novo acessório da minha vida.. :)] e sabendo do que ele gosta, como ele é, e tendo histórias com ele, brincadeiras, cumprimentos, cenas, faz sentido que quando passo numa loja ou num sítio qualquer onde veja algo que me lembra dele o compre e lhe ofereça. Não? Talvez não. Mas para mim faz sentido. Eu pessoalmente não sou muito fã de receber prendas, nunca sei como é suposto reagir a tais coisas (talvez pelas inúmeras prendas sem sentido que recebi até hoje, 95% - 100%) e sinceramente prefiro ser eu a deixar as pessoas desconfortáveis com essas coisas, especialmente quando realmente dá gozo fazer isso, ou seja, quando sei que estou a oferecer uma coisa que essa pessoa quer, que vai gostar, que não vai saber muito bem o que dizer porque quase lhe li o pensamento (será?.. :) ). Mas isso faz sentido. Não há ninguém que me consiga dizer que não. Nem a história de que dando prendas em alturas aleatórias escolhidas por obra do acaso na nossa vida retira o factor expectativa, ou a excitação de esperar por aquele momento, aquele dia. Não faz sentido. Vamos esperar ansiosamente pelo Natal ou pelo nosso aniversário (acaba por ser a mesma coisa.. se bem que aí é ligeiramente diferente; acho que as pessoas levam uma vida tão rápida, tão dependente de tanta gente que merecem ter pelo menos um diazinho em cada 365 para si, para terem atenção, serem um bocadinho o centro das atenções e terem assim montes de miminhos.. às vezes sabe bem não é verdade.. :) ) simplesmente para receber objectos que nos dizem o mesmo que uma caixa de fósforos vazia [mesmo isso depende mas pronto..]?
Não sendo exemplo, mas prefiro que uma pessoa se lembre de mim de vez em quando e me venha falar e perguntar se está tudo bem do que me dê uma prenda no Natal só porque sim, sem nunca no resto do ano me ter dirigido palavra. E mais, não é por gastarem mais dinheiro numa prenda inútil que ela terá mais valor, não monetário entenda-se. Dou mais valor a uma carta escrita para mim, com real carinho, do que a uma coisa mesmo gira e cara e tal. Não quer dizer que não possa apreciar tal coisa, mas se for muito cara até dá aquela sensação de "wow.. :o" e de qualquer das formas é peanuts, há coisas mais importantes.
Bem a base no meio disto tudo é: façam o favor de não se preocuparem tanto com prendas natalícias de conveniência, em vez disso talvez tentarem realmente dar-se com as pessoas não era nada má ideia. Mesmo que queiram continuar numa onda de interesse pensem: se as pessoas vos conhecerem podem dar-vos coisas que vocês realmente apreciem. Não seria mesmo agradável receber o CD dos Metallica em vez do CD do Justin Bieber? [para quem gosta de Metallica e não aprecia tanto Justin Bieber..] Just a crazy idea...
Em Novembro vai tudo voltar ao mesmo: multidões infindáveis nos centros comerciais, todas aquelas cabecinhas a pensar em pessoas que têm de receber uma prenda da sua parte, e tudo a esgotar e cenas. A sério, levem como um apelo: pensem mais nas pessoas no resto do ano e lixem-se para essas datas pré-concebidas. Tanto stress durante um mês, e não vos leva a contacto nenhum que interesse com quem quer que seja.
Ou então, assim noutra ideia mesmo louca, balelas para as prendas todas, screw the system, fight "The Man" e bora virar todos hippies.. :)
Queria escrever mais cenas sobre estas coisas.. Mas acho que agora não me apetece.. :) Pode ser que um dia escreva mais qualquer coisa sobre isto.. Se me voltar a lembrar.. :)
Remind.. hippie style and stuff.. :)
[assim arranjam uma pão de forma e tudo.. :o e andam com florzinhas e cenas.. peace and love bros.. :)]
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